Como um mantra, Zilá Soares pinta incessantemente até encontrar a vibração necessária. Seus desenhos têm alma e suas telas personalidade. São mulheres na sua maioria, que como as artistas flutuam no onírico e se nutrem de cor e luz. Zilá rouba a luz, toma para si a iluminação das cores para viver, mas ao olharmos com profundidade se revelam escuros quase sempre vermelhos “ROUGE NOIR,” aí está a resposta para o seu fulgor divino e mundano, lápis e pincel, carvão e pastel. Seus homens também são intensos, Adão atentado e em tentação e, na série de desenhos In VinoVeritas, príncipes em busca da diva perdida sem reino nos bares da vida.
Zilá também é inquieta, não cria ferrugem, não esmaece e não estagna. Não se satisfaz com o conforto do traço ideal, da pincelada rica ou da satisfação do concluído. Ela quer mais, ela quer tudo!
Suas andanças frequentes em Paris ocorrem numa atmosfera da cidade luz por Wood Allen, onde realidade e ficção se misturam formando um caldo cultural que Zilá traga inebriada direto da fonte e trazendo para nós Monet, Picasso, Modigliani e outros relidos em seus pastéis e nas suas Saphadinhas, uma humorada homenagem aos mestres.
A série de desenhos Eva e Adão apresenta Eva lânguida e Adão perplexo diante da beleza e do sexo, em pleno pecado, gozo e castigo com o divino perdão da série sacra Madona e o Menino.
Isaac de Oliveira
Artista plástico
Mantra-like, Zilá Soares’s visual insight sterms from the ceaseless painting of her themes, giving them uncommon depth and soul. Zilá steals light, rendering her female subjects in dark, redish hues – floating, like herself, in a dream world of colour and light. ‘Rouge noir’ is Zilá’s term to describe the combination of the earthly and the spiritual which she achieves with pencil and brush, charcoal and pastel. In ‘In Vino Veritas’ Zilá depicts her male subjects with immense physicality searching for woman in the barrooms of life. Elsewhere, Adam undergoes the trials of temptation and its delicious aftermath.
Zilá’s art is born of restless frustration. Never satisfied, she demands ever more for herself in her quest for perfection. There is no compromisse. She wants more, she wants everything!
From her frequent sojoums in La Ville Lumière Zilá brings us ‘Saphadinhas’, a work inspired by masters Manet, Modigliani, Matisse and others: a humorous homage to the City of Light, at the point where reality and fiction coincide.
Zilá’s ‘Paradise’ series of drawing portray a languid Eve and na Adam perplexed by beauty and sex, steeped in full sin, his enjoyment alloyed by the punishment to follow, his lustful transgression answered by the sacred ‘Madonna and the Child’ series.
Isaac de Oliveira
Plastic Artist
O que se percebe em todas as séries de obras é que Zilá Soares aceita o desafio e o fascínio do tempo presente, entrando com suas tintas nos momentos mais banais do cotidiano urbano. Dos passeios pelas ruas da cidade aos encontros regados a vinho e afetos, passando por corpos autônomos e autômatos, todos se encontram nas superfícies de telas e papéis, filtrados por um olhar sempre atento aos desafios de ser uma artista de seu tempo.
Maria Adélia Menegazzo
Associação Brasileira de Críticos de Arte/MS
What is evident is that Zilá Soares’s series of works is her acceptance of challenge and the fascination of the presente moment, picturing with her paints the most banal moments of the urban everyday life. From the walks on city streets to the encounters accompanied by wine and caresses, through autonomous and automaton bodies, all meet on the surfaces of canvas and paper, filtered through an eye always attentive to the challenges of being an artist of her times.
Maria Adélia Menegazzo
Brasilian Association of Art Critics/MS
Talvez o que conduza os artistas para a pintura seja a facilidade de manuseio das tintas na combinação de cores, o que considero como o ingrediente fundamental da atração para essa prática. Na pintura de Zilá Soares as camadas de cores são exploradas das mais diversas formas: pura, misturadas, sobrepostas, apagadas, transparentes, vibrantes, opacas. Nesse sentido, acredito que pintar seja um eficiente exercício de sedução através da cor, e, na parcela da obra da artista, esse recurso é bem explorado para dar conta dos mecanismos que articulam a presença/potência dos personagens e das ideias que modelam o espaço em cada obra.
Rafael Maldonado
Curador independente, professor do Curso de Artes Visuais da UFMS
Maybe what drives artists to painting is a facility for the handling of paints in colour combination, which I consider to be the fundamental ingredient of the attraction to this practice. In Zilá Soares’s paintings, the layers of paints are explored in the most varied forms: pure, mixed, overlapped, blurred, transparent, vibrant and opaque. In this sense, I believe that painting consists of an efficient exercise in seduction through colours and, in the artist’s range of work, this resource is well explored to deal with the mechanisms which articulate the characters’ presence/potency and the ideas that characterize the space in each work.
Rafael Maldonado
Independent Curator, professor at the Course of Visual A rts of the UFMS